Querid@s,
Segue o trecho do livro Pedagogia da Terra, do Moacir Gadotti, em que ele trata da discussão sobre sustentabilidade e lido em aula:

"Parece claro que entre sustentabilidade e capitalismo existe uma
incompatibilidade de princípios. Essa é uma contradição de base que está
inclusive no centro de todos os debates da Carta da Terra e que pode
inviabilizá-la. Tenta-se conciliar dois termos inconciliáveis. Não são
inconciliáveis em si metafisicamente. São inconciliáveis no atual
contexto da globalização capitalista. O conceito de desenvolvimento
sustentável é impensável e inaplicável neste contexto. O fracasso da
Agenda 21 o demonstra neste quadro, o “desenvolvimento sustentável” é
tão inconciliável quanto a “transformação produtiva com qualidade”
defendida pela CEPAL. Como pode existir um crescimento com eqüidade, um
crescimento sustentável numa economia regida pelo lucro, pela acumulação
ilimitada, pela exploração do trabalho, e não pelas necessidades
pessoais? Levando as suas últimas conseqüências, a utopia ou projeto do
“desenvolvimento sustentável” coloca em questão não só o crescimento
econômico ilimitado e predador da natureza, mas o modo de produção
capitalista. Ele só tem sentido numa economia solidária, numa economia
regida pela compaixão e não pelo lucro. A compaixão deve ser entendida
aqui na sua concepção etimológica original de “compartilhar sofrimento”.
Na produção de sua existência, o ser humano divide o peso de sua dor de
forma iníqua: para muitos, a dor e para uma minoria o máximo de prazer e
consumo. O sofrimento precisa ser distribuído mais democraticamente. E
isso só de fará pela justiça social. Há guerras, conflitos, sofrimentos,
dor... talvez sempre existirão, mas poder-se-ia ter mais paz se
tivéssemos mais justiça. A sociedade é uma utopia contemporânea e como
toda utopia, afirma Eduardo Galeano, não serve para nada; serve apenas
para caminhar – para nos manter vivos, esperando, lutando, como dizia o
“andarilho da utopia” Paulo Freire. Lutar por um mundo menos malvado,
menos feio e mais justo. A utopia do “desenvolvimento sustentável” é
certamente contraditória e perece não servir para grandes coisas, mas
ela nos prestará um bom serviço, desde já, se nos guiar para uma
sociedade do futuro na construção da sociedade.
Para Francisco Gutiérrez, parece impossível construir um desenvolvimento
sustentável sem que haja uma educação para isto. Para ele, o
desenvolvimento sustentável requer quatro condições básicas. Ele deve
ser:
1- economicamente factível;
2- ecologicamente apropriado;
3- socialmente justo;
4- culturalmente eqüitativo;
Essas condições do desenvolvimento sustentável são suficientemente
claras, auto-explicativas. O desenvolvimento sustentável, mais do que um
conceito científico, é uma idéia-força, uma idéia mobilizadora nesta
travessia de milênio. “Apesar das críticas a que tem sido sujeito, o
conceito de desenvolvimento sustentável representa um importante avanço
na medida em que a Agenda 21 global como plano abrangente de ação para o
desenvolvimento sustentável no século XXI, considera a complexa relação
entre desenvolvimento e meio ambiente numa variedade de áreas” (JACOBI,
1999, p. 18). Como afirmou certa feita Juha Sipilä, diretor do Conselho
Metropolitano de Helsinque. “desenvolvimento sustentável significa
usarmos nossa ilimitada capacidade de pensar em vez de nossos limitados
recursos naturais” (KRANZ, 1995, p.8). Para Leonardo Boff (1999, p.198),
“uma sociedade ou um processo de desenvolvimento possui
sustentabilidade quando por ele se consegue a satisfação das
necessidades, sem comprometer o capital natural e sem lesar o direito
das gerações futuras de verem atendidas também as suas necessidades e de
poderem herdar um planeta sadio com seus ecossistemas preservados”."
Lembrem-se que ele aborda de um determinado espectro político, mas ao citar a compaixão como valor de sustentabilidade, relacionamos às dicas sobre empregabilidade e carreira (ver post seguinte), que tem outra visão política. A opinião política é de vocês, mas a busca por renda e a construção de um mundo melhor e mais criativo é um compromisso nosso!!!!!
Abraços fraternos,
Giba